ATA DA QUINTA SESSÃO SOLENE DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 18.04.1989.
Aos dezoito dias do mês de
abril do ano de mil novecentos e oitenta e nove reuniu-se, na Sala de Sessões
do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Quinta
Sessão Solene da Primeira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura,
destinada à entrega do Título Honorífico de Cidadã Emérita a Srª. Elly
Rotermund Kohlmann, concedido através do Projeto de Resolução nº 57/88 (proc.
nº 2344/88). Às dezessete horas e trinta e um minutos, constatada a existência
de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e convidou os
Líderes de Bancada a conduzirem ao Plenário as autoridades e personalidades
presentes. Compuseram a Mesa: Ver. Valdir Fraga, Presidente da Câmara Municipal
de Porto Alegre; Ver. Antonio Hohlfeldt, Secretário Municipal dos Transportes,
representando, neste ato, o Sr. Prefeito Municipal, Prof. Olívio Dutra; Sr.
João Carlos Kohlmann, Presidente da Sociedade 25 de Julho e Filho da
Homenageada; Sr. Rudolf Fritsch, Presidente do Conselho da Sociedade 25 de
Julho; Pastor Armange, Pároco da Comunidade Igreja da Paz; Pastor Ivo, Capelão
do Hospital Moinhos de Vento; Srª. Elly Rotermund Kohlmann, Homenageada; Sr.
Henrique Kohlmann, Esposo da Homenageada; Sr. Alexandre Kohlmann, Neto da
Homenageada; Ver. Adroaldo Correa, 3° Secretário. A seguir, o Sr. Presidente
concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Ver. Vicente
Dutra, em nome das Bancadas do PDS, PFL e PL, falou de sua satisfação por
participar da presente homenagem, discorrendo sobre o trabalho realizado pela
Srª. Elly Rotermund Kohlmann em prol da nossa comunidade, em especial, na luta
pela melhoria de vida dos nossos idosos. O Ver. Airto Ferronato, em nome da
Bancada do PMDB, congratulou-se com a Homenageada pela sua vida de esforços na
busca do bem comum, salientando a organização, por S. Sa., já há dezenove anos,
de um concerto visando angariar recursos para a Associação de Pais e Amigos dos
Excepcionais. Após, foi ouvido número musical apresentado pelo Coral de Idosos
do Clube Arco-Íris e o Sr. Presidente registrou correspondência recebida do
Governador Pedro Simon, acerca do presente evento, e registrou a presença, no
Plenário, do Dep. Oscar Westendorf e do Pastor Brackmeyer, Presidente do
Conselho da Comunidade Evangélica Luterana do Brasil. Em continuidade, o Ver.
Dilamar Machado, em nome da Bancada do PDT, atentou para a importância de que
sejam respeitados os idosos e as crianças, analisando a situação do idoso no
País e ressaltando o valor do trabalho empreendido pela Homenageada em prol dos
idosos e dos excepcionais. Comentou a presença, no Plenário, do Dep. Oscar
Westendorf. E o Ver. Adroaldo Correa, em nome das Bancadas do PT, PTB e PSB,
dizendo ser a presente homenagem resultante de uma proposição do Ver. Antonio
Hohlfeldt, saudou a Srª. Elly Rotermund Kohlmann, augurando pela continuidade
de seu trabalho autêntico e valiosos em prol da comunidade. A seguir, o Sr.
Presidente concedeu a palavra ao Ver. Antonio Hohlfeldt que, como proponente da
Sessão, falou dos motivos que o levaram a propor a concessão do título hoje
entregue, comentando o trabalho realizado pela Homenageada nas áreas
assistencial e cultural da Cidade. Em continuidade, o Sr. Presidente convidou
os presentes a, de pé, assistirem à entrega, pelo Ver. Antonio Hohlfeldt, do
Título Honorífico de Cidadã Emérita a Srª. Elly Rotermund Kohlmann e concedeu a
palavra a S. Sa., que agradeceu a homenagem prestada pela Casa. Após, foi
ouvido número musical apresentado pelo Coral 25 de Julho e, nada mais havendo a
tratar, o Sr. Presidente convidou as autoridades e personalidades presentes a
passarem ao Salão Nobre da Casa, levantando os trabalhos às dezoito horas e
quarenta e seis minutos. Os trabalhos foram presididos pelo Ver. Valdir Fraga e
secretariados pelo Ver. Adroaldo Correa. Do que eu, Adroaldo Correa, 3º
Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada,
será assinada pelos Senhores Presidente e 1º Secretário.
O SR. PRESIDENTE: Declaro abertos os trabalhos da presente
Sessão Solene que concede o título honorífico de Cidadã Emérita a Srª Elly
Kohlmann, requerido pelo Ver. Antonio Hohlfeldt, hoje Secretário de
Transportes. Nós solicitamos às Lideranças, por gentileza, queiram trazer até a
este Plenário a nossa homenagear a Srª Elly Kohlmann. A Casa se sente muito
honrada em homenagem a Srª Elly Kohlmann. Quando eu digo a Casa somos todos nós
aqui presentes, senão esta Casa não estaria assim tão bonita, tão colorida,
hoje, com a presença dos Senhores e das Senhoras. Eu sei que muitos que estão
aqui puderam até assistir a alguns debates, presidindo os trabalhos deu para
visualizar algumas pessoas e, então, nós nos sentimos muito honrados com a presença
de todos num momento muito feliz do Ver. Antonio Hohlfeldt em homenagear a
nossa querida amiga. Nós temos aqui o seu currículo de 1968 a 1988, é um
currículo para ninguém botar defeito. Nós estamos aguardando alguns minutos
para receber a presença do Ver. Antonio Hohlfeldt que representa também o Sr.
Prefeito. Vejam, anunciamos e o Ver. Antonio Hohlfeldt chegou, Secretário dos
Transportes, representando neste ato o Prefeito Olívio Dutra. Nós apresentamos
também com muita satisfação o Coral 25 de Julho que fará a sua apresentação.
O
primeiro orador é o Ver. Vicente Dutra que fala em nome do PDS, seu Partido, e
do PFL. V. Exª está com a palavra.
O SR. VICENTE DUTRA: Exmo Sr. Ver. Valdir Fraga,
Presidente desta Casa; Pastor Armange, Pároco da Comunidade da Igreja da Paz;
Pastor Ivo, Capelão do Hospital Moinhos de Vento; Alexandre Kohlmann, neto da
homenageada, representando todos os netos; Silvio Lafen, que muito nos honra
com a sua presença neste Plenário; Benito Boni; parentes; amigos; grupo de integrantes
do Raio de Sol; meus Senhores; minhas Senhoras, companheiros Vereadores desta
Casa. (Lê.)
“É com imensa satisfação que ocupo a tribuna
nesta oportunidade para, em nome das Bancadas do PDS, do PFL, do PL, do PTB e
do PSB, cumprimentar a Srª Elly Rotermund Kohlmann, que foi distinguida por
esta Casa por uma feliz iniciativa do Ver. Antonio Hohlfeldt com o título de
Cidadã Emérita da cidade de Porto Alegre. Acompanhamos, de longa data, a
incansável dedicação que devota a homenageada em benefício da comunidade
porto-alegrense, em especial, à causa dos idosos, que desenvolve com carinho e
amor juvenil. Sim, quem conhece dona Elly sabe que não empregamos apenas uma
expressão de efeito; dona Elly Kohlmann possui uma aura juvenil que se reflete
em tudo que faz. Nossa homenageada percebeu que os problemas que envolvem a
terceira idade no Brasil assumem proporções de calamidade social. O acréscimo
de anos de vida nas pessoas, a conquista das últimas décadas graças a
descobertas médicas e farmacológicas e que é saudado positivamente acarreta,
por outro lado, o surgimento do idoso como grupo social. A sociedade não soube,
ainda, assimilar esse grupo social e a triste realidade é que vivenciamos a
marginalização do idoso pela sociedade. São, hoje, cerca de 30 milhões de
brasileiros que lutam para serem entendidos por uma população onde mais de 50%
têm idade abaixo de 30 anos e querem seu lugar ao sol. A segregação se faz
presente, ela é preconceituosa, desumana e desprovida do carinho e do
reconhecimento para com aqueles que nos legaram, afinal, o que somos e o que
temos. Peregrinando pelas ruas da Cidade que o marginaliza, condenando-o a
sentar-se no banco da praça, ele fica segregado da sociedade que ele mesmo
ajudou a construir. Este é o segundo passo do calvário da velhice, porque o
primeiro, muitas vezes, foi dado na própria família, quando o filho acha que o
velho é um estorvo e só atrapalha, não se dá conta de que ele - filho - também
poderia ter sido um estorvo na vida dos velhos que muito renunciaram para oferecer
ao filho uma educação, uma infância e uma adolescência tranqüila.
Os
estudiosos, em geral, estão mais interessados em se preocupar com os problemas
da infância e da adolescência. E aqui eu lembro, inclusive, com a presença de
Sílvio Lafem, que há muitos e muitos anos, me chamava a atenção, ele que é um
grande estudioso do assunto do idoso, sobre o problema do idoso no Brasil. De
modos que eu vejo com muita satisfação, hoje, a presença deste estudioso que já
há mais de 30 anos vem lutando e chamando a atenção para este grave problema no
Brasil.
De
certa forma, esta é uma maneira dos jovens ou pessoas mais maduras negarem uma
realidade que os incomoda. É uma reação inconsciente ou até consciente das
pessoas recusarem o destino que os espera.
É necessário que nosso silêncio seja rompido numa exaltação a este grupo social que, por justiça, merece a nossa convivência e nosso carinho reconhecendo-o, sem distinção de raças ou de credos, como pessoas iguais a nós, que a terceira idade, devam ter o mesmo valor que antes possuíam.
O
idoso que peregrina pelas ruas ou no banco da praça ou confinado em casa, temos
que trazê-lo de volta para nosso convívio. É o reconhecimento merecido por tudo
que significa em nossas famílias. Como diz a nossa homenageada: “a pessoa idosa
não é uma mendiga, ou inútil. Ela é a cultura do nosso passado.”
E
Dona Elly, consciente desta realidade, fundou o Grupo de Idosos “Raio de Sol”,
no Centro Cultural 25 de Julho, de Porto Alegre. Possuidora de invejável
intelecto, fruto de sua formação e bagagem inata, derramou, na verdade, os
raios de sol que lhe rodeavam, formando um grupo de pessoas que sentem prazer e
felicidade em estar ao seu lado. Tem ela, a capacidade de derramar luz sobre
todos que a rodeiam, porque a alegria é dom divino que possui em abundância.
Nos dias atuais, proporcionar a que pessoas
se encontrem em reuniões fraternas constitui uma das mais nobres missões de
vida a que uma criatura possa se dedicar. E Dona Elly conseguiu, graças a seus
dons especiais, organizar e manter atuante um dos melhores grupos de
convivência de nosso Estado. O Grupo “Raio de Sol” hoje é conhecido mesmo fora
das fronteiras do Rio Grande como exemplo a ser imitado por outros grupos
congêneres. Sabia ela que nos grupos de idosos um aspecto a destacar é a
amizade mais permanente e mais completa de que são capazes. Dizemos nós que as
pessoas idosas tentam se equilibrar no seu relacionamento, independente do
sexo, porque este tem separado homens e mulheres, quando, na verdade, vemos que
na infância e na velhice as diferenças sexuais se tornam extremamente sutis e
tendem a desaparecer.
Dona
Elly, através do Grupo Raio de Sol, proporciona aos idosos a percepção de que
não devem dar importância à idade, mas que podem ser sempre jovens e bem
dispostos espiritualmente. A alma não tem idade. A mente jamais envelhece.
Escritora
com menção honrosa, faz poesias, traduções, escreveu para jornais e, para o
teatro escreveu uma peça cujo tema é a terceira idade.
Durante
esses anos recebeu muitas e justas homenagens dentre estas a Verdienstkeuz, comenda máxima do Governo
da República Federal da Alemanha e a Cruz de Ferro do Governo do Estado do Rio
Grande do Sul. Coleciona inúmeras homenagens, registradas em placas de prata e
menções honrosas, concedidas por entidades públicas e privadas, em
reconhecimento a gama de realizações de nossa homenageada, que vão da
literatura, poesia e teatro, a serviços assistenciais, todos praticados com
entusiasmo juvenil de Dona Elly Kohlmann.
Seu
esposo, Wilhelm Henrich Kohlmann é, há 47 anos, estou certo? Vejam bem, 48
anos. O companheiro que compreende os dons de sua querida Elly e a estimula.
Nada os separa, mesmo nas dificuldades. E, quando sobrevem uma inevitável
doença mais e mais estreitam seus laços de união conjugal, num exemplo concreto
de que os entraves de uma existência testam a vida dos casais. Uns sucumbem
frente ao primeiro percalço, outros, como a Dona Elly e seu Henrich, mais se
unem. Não está aí o segredo de uma vida de paz? E na doação não estará o
verdadeiro caminho da felicidade.
Os
cinco filhos do Casal: Rose, Fredi, Mariani, João Carlos e Marion, noras,
genros e doze netos, têm muito orgulho da mãe e avó Elly e todos procuram
prestigiá-la em suas múltiplas atividades.
Por
tudo isso esta Casa pratica um ato de reconhecimento e, sobretudo de justiça em
conceder o título que hoje lhe é conferido.
Parabéns,
Dona Elly, por sua sabedoria de vida, parabéns por sua irradiante alegria
juvenil e parabéns a Porto Alegre por ressaltar neste ato, como Cidadã Emérita,
uma autêntica heroína do dia-a-dia. Parabéns a família e seus amigos, que têm o
privilégio de privar, mais intimamente, com esse modelo de mulher e mãe.
Para
finalizar Dona Elly, a Senhora sintetiza com sua vida e obra, a exortação do
evangelista João, quando Diz: “meus filhinhos, não amemos só com as palavras,
mas por obras e em verdade”. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Airto Ferronato
pelo PMDB.
O SR. AIRTO FERRONATO: Exmo Sr. Ver. Valdir Fraga,
Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Ver. Antonio Hohlfeldt; Srª
Elly Rotermund Kohlmann, homenageada; Sr. Henrich Kohlmann, esposo da
homenageada; Sr. Alexandre Kohlmann, neto da homenageada; Srs. Vereadores; meus
senhores e minhas senhoras.Vivemos, neste instante, um momento de gratidão, com
vistas a homenagear uma pessoa que dedica sua existência a vida comunitária,
social e religiosa, e as demais causas da pessoa humana, da criança ao idoso.
Vejo
a Casa cheia de seus amigos, o que bem demonstra a sua grandiosidade, o qual
reconhece a sua obra, e o qual faz jus a esta homenagem.
Daí,
por que o PMDB desta Casa, representado pelo Ver. Clóvis Brum, pelo Ver. Luiz
Machado e por este Vereador, não podia deixar de cumprimentar o requerente,
Vereador e Secretário Antonio Hohlfeldt pela feliz iniciativa, bem como de
saudar nossa homenageada, desejando-lhe muitas felicidades em sua luta, para
ver seus pleitos alcançados e para que continue seus passos durante toda sua
vida na busca do bem comum. A Srª Elly Rotermund Kohlmann, Cidadã Emérita, esta
simples homenagem é a gratidão da Câmara de Vereadores de Porto Alegre e da
população de nossa capital pelo trabalho que V. Sª desenvolveu, vem
desenvolvendo e tenho certeza que desenvolverá durante toda a sua existência.
Do seu vasto currículo menciona apenas um item: há 19 anos, no mês do
excepcional, agosto, ela vem apresentando, ou melhor, organizando, um concerto
ou apresentações sempre em prol dos deficientes físicos e mentais. A renda
desses eventos reverte para a APAE e Escolas de Excepcionais e deficientes
físicos. Lutar pela criança, pelo idoso, pelo deficiente, pelos pobres e
oprimidos é, antes de mais nada, um ato do coração, um ato de bravura das
grandes personalidades que merecem o nosso apoio e o nosso carinho, porque é
uma grande lição de vida e de amor. Obrigado, Srª Elly, nossos parabéns. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Vamos agora ouvir o coral das Senhoras
evangélicas, prestando uma homenagem. A Srª Ilca vai apresentar.
A SRA. ILCA: Quero saudar o Presidente desta Casa, aos
Srs. Vereadores e a todos os presentes.
Existem pessoas que não têm idade e que também não encontram situações nas quais não estejam se sentindo a altura. Pessoas que conseguem comunicar-se igualmente com crianças, adolescentes, adultos e idosos, ricos e pobres. Pessoas que, paralelamente a sua vida familiar, conseguem exercer um sem número de atividades, em que, abnegadamente, se doam aos seus semelhantes, seja em que situação for. Dona Elly Rotermund Kohlmann é, sem dúvidas, uma dessas pessoas, um dos raros seres humanos que ainda acredita na generosidade do homem. Ela não conhece a malícia e, em sua alma, não há lugar para o lado negativo da vida. É com imenso orgulho e satisfação, Dona Elly, que o Coral do Clube dos Idosos do Arco-Íris, da Comunidade Evangélica de Porto Alegre, alia-se à homenagem da Câmara de Vereadores, sob a Presidência do Ver. Valdir Fraga. Sentimo-nos honradas e muito agradecidas por nos ter sido concedida a oportunidade de poder, através do canto, render-lhe a nossa modesta homenagem, quando o Legislativo lhe outorga o título de Cidadã Emérita. Que Nosso Senhor lhe dê forças para que possa continuar com sua abnegada obra. Nós nos sentimos muito orgulhosos em poder apresentar o Coral de Idosos do Clube Arco-Íris. Muito obrigada.
(O
Coral faz a sua apresentação.) (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE: Nós registramos com prazer a presença do
Deputado Oscar Westendorf. Registramos com muito prazer, também, a presença do
Pastor Brackmeyer, Presidente do Conselho da Comunidade Evangélica, Luterana do
Brasil, Presidente de todo o País. Prazer.
Recebemos
também um telex do Sr. Governador do Estado, Pedro Simon.
Com
a palavra, o Ver. Dilamar Machado pelo PDT.
O SR. DILAMAR MACHADO: Exmo Sr. Ver. Valdir Fraga,
Presidente da Câmara Municipal; Exmo Ver. Antonio Hohlfeldt, nosso
colega nesta Casa, atualmente desempenhando o honroso cargo de Secretário
Municipal dos Transportes, representando neste ato o Prefeito Olívio Dutra;
ilustre casal Henrich e Elly Kohlmann, nossa homenageada nesta tarde-noite; Sr.
João Carlos Kohlmann, Presidente da Sociedade 25 de Julho e filho da
homenageada; Sr. Rudolf Fritsch, Presidente do Conselho da Sociedade 25 de
Julho; Pastor Armange, pároco da comunidade Igreja da Paz; Pastor Ivo, Capelão
do Hospital Moinhos de Vento e prezado Alexandre, neto da homenageada,
representando aqui os demais netos, familiares, parentes e amigos da Dona Elly.
Querida Dona Elly, uma sociedade, um povo, uma nação, só atinge este grau, de
povo, de nação, quando consegue no concerto social respeitar, sem paternalismo,
amparar, sem paternalismo, as curvas básicas de uma Nação e de uma sociedade. A
infância e o idoso. Nós, lamentavelmente, vivemos num País em que não foi
atingida ainda esta perfeição. Pelo contrário, vejo aqui tantas cabeças
brancas, tantos olhares ternos, tanta gente feliz com a justa homenagem que o
Ver. Antonio Hohlfeldt resolveu prestar à senhora e que nós desta Casa
acolhemos como um gesto de carinho e de respeito pelo seu trabalho. Mas se nós
meditarmos sobre a situação do idoso neste País, passando pela miserabilidade
da aposentadoria do velho, do abandono que estão relegados hoje milhões de
pessoas idosas nesta Nação, efetivamente nós vamo-nos servir de exemplo do seu
trabalho e de tantas mulheres honradas como a senhora que resolvem doar a sua
vida para reerguer, para amparar a velhice que hoje mais do que nunca é
desamparada nesta Nação. Além da discriminação brutal do velho no mercado de
trabalho, além do esquecimento desta Nação com os excepcionais, sabe, dona
Elly, porque é uma mulher atenta à sociedade rio-grandense, durante muitos
anos, no microfone das emissoras de rádio em que trabalhei, cheguei à trágica
conclusão que neste Rio Grande do Sul os excepcionais estão quase que
literalmente abandonados, à exceção talvez da APAE e de outras entidades que de
uma forma ou de outra hoje atendem talvez não mais do que 10% dos excepcionais,
que lamentavelmente são muitos até pela desnutrição, pela fome, pela miséria
que hoje habita a maioria dos lares dos grandes conglomerados urbanos,
inclusive Porto Alegre. Mas, de qualquer forma, acho que homenagearmos uma
mulher como a senhora, outorgando o título de Cidadã Emérita de Porto Alegre,
não é mais do que um ato de justiça da Câmara Municipal de Porto Alegre, que
está na sua pessoa, na tranqüilidade, na serenidade do seu ser, homenageando a
luta da mulher rio-grandense no momento em que também a mulher é discriminada
pela sociedade brasileira, passa a ocupar com coragem, determinação e com muita
luta o seu lugar na sociedade. Deus há de abençoar pessoas como a senhora que
se dedicam e que são reconhecidas ainda nesta vida terrena. Sabem os nossos
pastores aqui presentes que não adianta homenagem depois de morto, até porque
acho dona Elly que nós, os vivos, não vamos conhecer a morte. Isso é uma
corrente médica que analisa a nossa vida como eterna, porque quando nós
morrermos não estaremos mais aqui para sabermos que estamos mortos.
Gostaria
de homenagear na figura, não digo idosa e nem envelhecida, de um homem que
palmilhou mais de duas décadas o caminho da política rio-grandense e que está
aqui lhe homenageando, que é o nobre Deputado Oscar Westendorf, Prefeito de São
Lourenço, Deputado Estadual do Rio Grande por algumas legislaturas e cuja
presença honra esta Casa, V. Exª representa uma geração que dedicou a sua vida,
a sua luta à classe política e eu tenho a mais absoluta tranqüilidade de dizer
e afirmar que o Deputado Oscar Westendorf não enriqueceu com a política, ele
enriqueceu a política do Rio Grande do Sul.
E,
para homenagear a nossa querida Elly, eu vou - como ela é poetisa - ler um
trechinho de um poema de um velho imigrante italiano chamado Giuseppe Ghiaroni,
sintetizando um longo poema, mas vou dizer num pequeno trecho o que é a luta, o
drama, a vida da mulher, especialmente da mulher que envelhece junto a sua
família. Ele fala sobre a mãe e sobre o filho que casa também. Isso me cabe
muito, depois de amanhã casa o meu primeiro filho, embora eu saiba o que a minha
mulher está vivendo, talvez o mesmo momento que tantas das senhoras aqui
presentes viveram quando o filho casa e deixa a casa. (Declama.)
“Perder
um filho é como achar a morte/ Perder um filho que já grande e forte/ poderia
ampará-la e sustentá-la./ Mas neste instante uma mulher bonita sorrindo lhe
rouba/ E a pobre mãe aflita se volta para abençoá-la./ Assim parti e nos
abençoaste./ Fui esquecer o bem que me ensinaste e fui para o mundo me
deseducar./ E tu ficaste no silêncio e frio/ Olhando o berço que deixei vazio/
Cantando uma cantiga de ninar.”
Que
Deus abençoe a nossa cidadã emérita Elly Rotermund Kohlmann. Muito obrigado.
(Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Ver. Adroaldo Corrêa fala em nome do PT,
seu Partido, do PTB, do PSB e do PCB.
O SR. ADROALDO CORRÊA: Exmo Sr. Presidente da Câmara
de Vereadores, Ver. Valdir Fraga; Srª Elly Rotermund Kohlmann, homenageada com
o título de Cidadã Emérita, proposto pelo Ver. Antonio Hohlfeldt na Legislatura
na Legislatura passada e aprovado por esta Câmara e, portanto, pela cidade de
Porto Alegre, nesta oportunidade sendo homenageada; demais membros da Mesa,
Senhoras e Senhores que conhecem Dona Elly mais do que nós e por isso aqui
estão presentes nesta homenagem. Diríamos, para ser breve, que o reconhecimento
do partido dos Trabalhadores à proposição da Câmara de Vereadores à homenagem
que hoje se verifica, é o reconhecimento ao trabalho comunitário, autônomo,
independente, espontâneo e voluntário da homenageada. A homenageada que no brilho
dos olhos, que conheci há pouco, traz a juventude que todos buscamos e que
todos queremos ter até o final dos nossos dias, que alguns duvidam que seja o
final e que alguns crêem que seja apenas o começo de outras vidas. Nossa
homenagem será, seguramente, melhor expressa, pelo Vereador e representante do
Prefeito, Antonio Hohlfeldt, que nos seguirá oportunamente nesta tribuna e
gostaríamos de dizer que a Bancada do Partido dos Trabalhadores toma para si a
homenagem que na Legislatura passada foi proposta pelo Ver. Antonio Hohlfeldt
enquanto único representante do nosso Partido à época nesta Casa. A vida lhe
seja longa, alegre e feliz.
Muito
obrigado pela possibilidade de expressar aqui estas palavras. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Antonio Hohlfeldt,
representando o Prefeito Municipal Olívio Dutra e como autor da presente
homenagem.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Exmo Ver. Valdir Fraga, meu
prezado companheiro Presidente desta Casa, Senhores integrantes da Mesa, com
muito carinho ao Sr. August Züffert, cujo trabalho de recuperador de brinquedos
para crianças é realmente admirável e histórico nesta cidade de Porto Alegre e
sua esposa; minha querida amiga e amiga de toda esta Cidade soprano Lory
Keller, que aqui se faz presente também, até por toda sua ligação com o Centro
Cultural 25 de Julho, ao companheiro de pelo menos 15 anos Dr. Adelmo Oehle,
fundador do coral misto 25 de Julho; meu companheiro Bernardo Schneider, hoje
na assessoria da Assembléia Legislativa e um dos Diretores importantes desse
coral, Deputado Westendorf; a todos aqueles Senhores e Senhoras que aqui se
fazem presentes hoje, companheiros dessa instituição que eu freqüentei e
continuo freqüentando ao longo de anos e onde cresci, sobretudo num período
sempre difícil, que é a adolescência; ao meu querido casal Kohlmann e a meu
prezado Sr. Henrich.
Acho
que, hoje, para mim, é uma data muito importante. Volto à tribuna desta Casa
para, de uma certa maneira, completar a uma coisa iniciada nos seis anos
anteriores, e que era a homenagem a Dona Elly.
E
volto, não por uma iniciativa minha, mas inclusive por uma benevolência do
Presidente Valdir Fraga e dos meus Companheiros desta Casa e muito
especialmente dos meus Companheiros de Bancada. Acho que foi importante,
inclusive, que o Companheiro Adroaldo Corrêa que, nesta Bancada e nesta Casa,
defende um outro segmento, representa um outro segmento da nossa formação
étnica e cultural, que é o segmento do negro no Rio Grande do Sul, a cujo
movimento ele está filiado e é militante permanente, pudesse me anteceder nesta
palavra. Na palavra que é complicada entre ser a formal, a oficial e aquela
emotiva, carinhosa, que eu gostaria de trazer aqui.
Antes de tudo, destacar a “frau” Elly ou a “tante” Elly, como a gente se acostumou a chamá-la, é uma mulher excepcional. Numa sociedade em que o mestre e a mulher são normalmente esquecidos, esmagados e perseguidos, marginalizados, ela traz a experiência e a tradição da mulher alemã - perseverante, corajosa, carinhosa e marcada por uma imensa fé; uma educadora, formada professora, professora de uma área, de um setor tão difícil e tão fundamental da sociedade que é o jardim de infância e das primeiras letras do primário - os anos mais difíceis porque são aqueles também que nos marcam definitivamente. Pois esta mulher fez o caminho inverso, veio lá do Vale do Rio dos Sinos e aportou em Porto Alegre.
Poder-se-ia,
como tantos dos Vereadores que me antecederam e justamente aqui destacaram
homenagear o seu trabalho de professora; enquanto professora o seu trabalho
para com os deserdados da sorte, os chamados excepcionais.
Poder-se-ia,
mais do que justamente, isto já foi aqui destacado, falar do seu trabalho na
comunidade religiosa, no acompanhamento cristão e do apoio moral.
Poder-se-ia,
mais do que justamente, e o foi também destacado aqui lembrar o seu trabalho na
comunidade cultural, integrando o Centro Cultural 25 de Julho, participando da
Comissão do Sesquicentenário da colonização alemã, e tantas e tantas outras
iniciativas que ela vem desenvolvendo nesta área. Poder-se-ia, sobretudo, mais
do que justamente, lembrar - e foi lembrado por todos os Vereadores que aqui me
antecederam - o trabalho que ela desenvolve desde 1980 como fundadora do Grupo
Raio de Sol em que audaciosamente - porque naquele momento ainda se falava
muito pouco desse assunto e se fazia menos ainda - assume realmente uma postura
indicando claramente que o idoso não tem nada a mendigar ou a pedir, mas sim
que nós devemos alguma coisa e que ele é, sobretudo, a memória do nosso País,
de todo nosso Estado, de toda nossa Cidade. Contudo não queremos aqui
homenagear a Dona Elly na data de hoje, por um ou por outro dos motivos aqui
numerados, mas sim por todos eles em conjunto. Porque Elly Kohlmann não se
restringiu a um ou outro sucessiva ou alternativamente, mas a todos de maneira
obsessiva, simpática, perseverante e cativante. Então, Elly é um exemplo típico
do que o coletivo consegue realizar quando acionado por determinadas pessoas. E
ela utiliza uma arma absolutamente invencível, num outro dia reunimos no Centro
Cultural 25 de Julho e tanto Elly lembrava quando eu ainda trabalhava em
jornal, volta e meia ela chegava lá na Redenção, e certamente eu dizia, lá vem
a chata incomodar de novo. Pois dona Elly sempre aparecia na redação do jornal
como em qualquer lugar onde ela ia buscar fazer o seu trabalho com esta arma
invencível, aquele sorriso que ela tem ali permanente e que realmente desarma e
acaba nos obrigando a participar da sua obra, a sermos coniventes, a sermos
realmente subversivos inclusive, quando não é possível por nenhum modo resolver
o problema, mas ela fica ali, até que a gente resolve de qualquer maneira.
Conheci Dona Elly há muitos anos atrás, como disse, ainda eu adolescente. Não
obstante suas múltiplas ocupações com a comunidade, não descurava dos filhos.
Os seus e os outros, que ela adotava automaticamente em cada grupo. Conheci o
Hansi, o João Carlos, hoje Presidente do 25 de Julho, ainda mais jovem do que
eu, com calça ainda mais curta do que eu. Cantava na primeira voz do coral.
Lembra disso, Hansi? Pois cada vez que viajávamos, Dona Elly dava um jeito de
nos acompanhar, de nos orientar, de cuidar das coisas, de verificar se tudo
andava exatamente como precisaria andar. Tia Elly participou de tantas coisas
no Centro Cultural 25 de Julho, que seria até difícil enumerar. Por exemplo, o
próprio coro masculino, a própria orquestra juvenil, tantas outras coisas que
atuam hoje no 25 de Julho que seria difícil enumerar. Sem dúvida nenhuma que o
mais importante hoje é o Raio de Sol, de que é inspiradora e principal
articuladora.
Recentemente,
encontrei-me com Elly Kohlmann: cabelo branco, parece uma antiga gravura dos
velhos livros alemães que me acostumei a ler na casa de minha avó. No entanto,
Elly destaca-se da gravura, ganha contornos e movimentos, sobe ao pódium e nos
exorta: como vocês, jovens, não têm forças nem dinâmica para enfrentar os
desafios desse País?
E vem-me a idéia, a Fênix renascida daquelas mulheres corajosas e intrépidas que, junto a seus homens, e muitas vezes sozinhas, quando os seus homens lhes faltaram, depois de atravessarem o oceano, chegaram até a nova terra, adentraram a floresta, enfrentaram calamidades e construíram, realmente, ferro e fogo - para usar da expressão do escritor Josué Guimarães - uma comunidade diferente, que hoje marca a vida econômica, política e social do nosso País. Frau Elly é, sem dúvida, uma desbravadora. E por isso, a homenagem que esta Câmara Municipal de Porto Alegre lhe presta, hoje, apenas faz eco e se soma a outras tantas que lhe foram prestadas, transformando-a na Cidadã Emérita: a antiga imigrante, a nova mulher, a sempre professora e educadora, a renovada cidadã cuja idade faz com que cada vez mais se rejuvenesça.
A
nossa homenagem e os meus agradecimentos por esta oportunidade ímpar, no
momento de desafio e de dificuldades que o País enfrenta destacar personagens e
personalidades como a nossa tia Elly é uma maneira de acreditarmos e confiarmos
que o futuro existe, sim, mas existe porque existe o trabalho e a dedicação de
pessoas como essa mulher. Obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Câmara Municipal de Porto Alegre
confere o título honorífico de Cidadã Emérita à Srª Elly Kohlmann pela valiosa
contribuição do seu trabalho em prol do engrandecimento da nossa sociedade
porto-alegrense. Além de aproveitar o abraço, convido o Ver. Antonio Hohlfeldt
que neste Ato representa o Prefeito, e também nosso querido Vereador, que passe
às mãos da nossa homenageada o Título de Cidadã Emérita. (Palmas.)
Vamos
ouvir agora a nossa homenageada.
A SRA. ELLY KOHLMANN: Gostaria de registrar a presença da nossa
Consulesa e também do nosso Desembargador. Sempre escrevo uma poesia. Mas,
antes, vou dizer algumas palavras e depois vem a poesia que fiz bem à noite. Só
quero dizer que foi quase impossível acreditar em tudo que os nossos Vereadores
e amigos disseram.
Em
primeiro lugar quero cumprimentar nosso Exmo Presidente Ver. Valdir
Fraga e todos os outros que estão aqui. Não digo nomes porque vocês sabem, que
todos estão no meu coração. Deus me deu um coração muito grande. Quero, também,
agradecer a Dona Ilga, minha grande amiga do Coral Arco-Íris. Depois o nosso
coral Jovem do 25 de Julho.
Mas,
sabem, o que me trouxe até aqui, quase 74 anos tenho, mas me sinto bem jovem,
foi a grande fé que Deus me deu, uma fé, dizem que quem crê no Senhor recebe
novas forças. Aquilo dá uma força na gente que se pode fazer tudo, pode doer
isto, aquilo, a perna ou outra coisa, a gente manca, mas está feliz.
Estou
muito feliz, em primeiro lugar por estar aqui recebendo uma grande homenagem,
um título honorifico de Cidadã Emérita, acho algo extraordinário. Em amor a
meus filhos, netos, genros, noras, meu marido, meu ex-noivo, também, e a todos
os grandes amigos, a Lory Keller que cantou quantas vezes em nosso tempo no
Coral 25 de Julho, nosso Centro Cultural 25 de Julho, e nosso Westendorf, que
queria à força que eu fosse Vereadora naquela vez, ele já tinha meu número, mas
pensei que não vai dar mais, porque agora, já, em dezembro, o nosso Governador
Pedro Simon assinou a Lei do Conselho da pessoa idosa, quer dizer que estou
agora na cultural, no lazer e a minha família, ninguém pode ficar para trás.
Então, ao invés de levantar às sete, a gente levanta às cinco e meia, deita
mais tarde e não se lembra de si. Sempre acho que, quando se tira o seu “eu” e
se lembra do “teu”, a vida fica diferente. De manhã cedo, os meus filhos já
sabem tudo o que digo durante o dia. Eu sempre digo assim: não pensem no ruim,
a mente tem que ser sã e, então, o corpo também é são. Quer dizer, quando
alguém pergunta a mim - posso mancar, não caminhar tão depressa - como vai Dona
Elly? Sempre respondo: cada vez melhor. Ah, é! Mas me olham desconfiados. Mas
acho que o sorriso - sorriam - porque o sorriso não paga imposto ainda. Então,
acho que ser feliz é fazer os outros felizes. Dar o seu último para o outro. Há
22 anos, Deus me dá força. Não que eu queira me exibir. Pode ter pessoas que me
achem exibida, mas sou bem simples. Acho que trabalhar para estas vilas, como a
da Paróquia da Paz, fazer concerto, já há 22 anos, o meu genro é Presidente da
Paróquia. Algo assim de diferente. O excepcional como precisa de ajuda. Outras
entidades também. A gente não fica mais velha com isto. A gente fica cada vez
mais jovem. Eu creio assim. O coração é nosso, pode chorar, mas o rosto é de
todos, deve sorrir. De amanhã em diante, cumprimentem as pessoas que vocês não
conhecem. Isto é muito bonito. Uma vez eu disse boa tarde a uma pessoa que eu
não conhecia - queria começar a fazer isto - e esta estava com mau humor e
disse-me: eu não te conheço, e não cumprimentou. Mas assim como esta, muitas
coisas são válidas e muito felizes. Eu sempre acho que não podemos ficar
lembrando que temos dor de cabeça, que não podemos ir para lá ou para cá. A
vida é tão curta. Amanhã, a gente já pode morrer. Por que é então que a gente
se vai poupar. Não, vamos para a frente, nunca para trás. Fé em Deus, que tu
vencerás! Meus filhos já sabem de cor isto. Antes de dizer a minha poesia para
vocês, vou dizer uma outra, que informa sobre o significado desta palavra, que
tantos significados tem, a paz. Todo mundo se pergunta como conseguir a paz. A
pessoa que pensa no outro, que olha para o seu irmão, esta, com facilidade, consegue
paz no coração. Quantas vezes estamos inquietos, não sabemos o que fazer. Algo
está errado conosco, não conseguimos em paz viver. Devemos pensar nas palavras:
eu lhes trago a paz, diz Jesus, seguindo o seu caminho, para uma vida melhor
nos conduz. Nos livros há muitas páginas escritas sobre a paz, isto de nada nos
adianta, se só os livros trazem. Mas se isto transmitirmos, com muita fé e
muito amor, a nossa vida tem valor. Quando vocês chegarem em casa, sorriam. Se
a mulher não fez a janta tão bem, ou alguma coisa assim, desliguem e dêem uma
palavra boa. Amanhã, pode ser tarde. Eu quero agradecer as palavras queridas
dos nossos Vereadores, e também do nosso querido Antonio Hohlfeldt. Eu era
muito jovem quando o conheci, agora sou apenas jovem. Quem já tem um pouquinho
de cabelo branco não fique triste, porque a pessoa idosa é uma pessoa feliz.
Nestes dias, vi uma senhora, muito triste, caminhando, muito mais jovem do que
eu, e perguntei: a senhora não acha que a pessoa idosa é um ser feliz? Ela
olhou para mim com o ar de quem estava pensando que eu havia enlouquecido. Mas
é a verdade. A pessoa idosa é um ser feliz, a gente pode fazer tudo; não
precisa se envergonhar e não precisa perguntar: meu filho, posso botar este
vestido? Posso viajar? Não, a pessoa idosa pode fazer o que quiser. E
certamente ela não vai fazer coisas bobas. Eu sou tão feliz. Hoje, pela manhã,
já agradeci tanto a Deus por receber esta homenagem dos senhores. Sou tão feliz
que poderia abraçar todo mundo! Meus ex-Presidentes, que eu era Vice-Presidente,
eu ia contar para vocês a minha vida, mas, enciclopédia não teria fim. Então eu
vou ler a poesia que eu fiz ontem à noite.
“Há
muitas surpresas no decorrer da minha vida, alegrias, e felicidades,
preocupações nesta corrida. Quando o coração está cheio, derrama de
satisfações, isto aconteceu comigo neste momento de emoção. Quando há algumas
semanas atrás fiquei sabendo, pois num convite da Câmara estive lendo, que o
título de Cidadã Emérita de Porto Alegre eu receberia, a minha gratidão se misturava
em alegria. Muito feliz aceitei, enfim, lembrando dos meus pais, filhos,
marido, sobrinhos e amigos meus e agradeci muito ao querido Deus. O lema de
minha vida sempre será: aos necessitados ajudará. Ser feliz é fazer os outros
também. Sem esta preciosa graça, nós não seríamos ninguém. Depende de nós se
queremos continuar. Embora um pouco de idade, não devemos parar, são verdade as
palavras: só envelhece quem quer. A chama em nós deve sempre arder. Que o sol
do Brasil e Deus, com a sua bondade, ilumine a vossa vida, o sol da felicidade
para todos vocês.” Sou grata. (Palmas.)
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Vamos convidar o Matias, a Juliana e o
Fufi, trio quietinho, puxaram à vovó, bem quietinhos, eles vão aqui assumir a
direção dos trabalhos para ouvirmos o coral.
Vai
assumir aqui a Juliana a Presidência dos trabalhos.
Para
encerrar, vamos ouvir o coral sob o comando do Maestro Nestor.
(Apresentação
do Coral.)
O SR. PRESIDENTE: Encerramos os trabalhos da presente
Sessão, agradecendo a presença de todos.
(Levanta-se
a Sessão às 18h46min.)
* * * * *